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Professoras/es Brasileiras/os Sob Pressão: Desafios da Saúde Mental

| 16 de outubro de 2023

Arte e texto: Alcione Ferreira

O Dia das/os  Professoras/es  é uma data que busca demarcar a importância do trabalho e a dedicação das/os educadoras/es  que desempenham o papel de compartilhar saberes e formar gerações. No entanto, ao analisar a situação da saúde mental de docentes no Brasil, conforme evidenciada em dados compilados na publicação “Seminários Trabalho e Saúde dos Professores. Precarização, adoecimento e caminhos para mudança”, da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), há muitos obstáculos a serem superados e questões críticas que merecem atenção e urgência. O estudo aponta para uma série de problemas críticos que afetam as/os educadoras/es em todo o país e traz possíveis caminhos a serem trilhados em busca de soluções efetivas para os desafios impostos a essas/esses profissionais.

Dentre os fatores mais preocupantes, destaca-se a precarização das condições de trabalho, a sobrecarga de tarefas, a falta de recursos e infraestrutura adequada, além da constante pressão por resultados. Um conjunto de aspectos perigosos que juntos têm contribuído para um aumento significativo do estresse e do esgotamento entre docentes.

Além disso, a pesquisa aponta que a falta de reconhecimento e valorização da profissão de professora/or é uma questão persistente: baixos salários, inexistência de perspectiva de crescimento na carreira e falta de apoio adequado para a formação contínua são causas que contribuem para a insatisfação das/os profissionais, o que afeta  sua motivação e bem-estar.

Violências visíveis e invisíveis no ambiente escolar

Outro ponto crítico revelado na pesquisa é o impacto do assédio moral e da violência no ambiente escolar. As/os professoras/es  enfrentam desafios significativos em lidar com comportamentos inadequados seja por parte de estudantes, pais ou mesmo colegas de trabalho. Esses fatores são geradores de problemas como a síndrome de Burnout, a ansiedade e depressão, o que compromete a qualidade de vida das/os profissionais. Outros problemas físicos, como distúrbios de voz e distúrbios osteomusculares, também tem sido fontes de problemas de saúde de professoras/es. As longas jornadas, a sobrecarga de trabalho e a falta de infraestrutura adequada contribuem para o quadro de adoecimento, impactando negativamente o bem-estar e a capacidade de exercer de forma plena as atividades de trabalho. Estes transtornos têm emergido como a principal causa de afastamento de professoras/es de suas atividades, indicando uma tendência preocupante.

A pandemia do novo coronavírus agravou ainda mais a situação, com evidências de que muitas/os professoras/es enfrentam problemas relacionados à saúde mental vivenciados durante e pós pandemia. A incerteza, a adaptação ao ensino remoto/híbrido e as preocupações com a saúde própria e das/os estudantes tornaram-se fontes adicionais de estresse e ansiedade. Paralelo a isso o quadro de aumento dos ataques violentos às escolas com mortes de estudantes e profissionais destes ambientes tornou-se outro fator crítico de adoecimento no corpo docente das unidades educacionais. Os episódios de violência extrema vivenciados e amplamente divulgados em redes sociais e mídias em geral tornou-se gatilho para diversos medos e estresse pós-traumático.

O estudo alerta para que autoridades educacionais e instâncias de poder promovam com urgência um plano focado no reconhecimento e na importância do investimento na melhoria das condições de trabalho de professoras/es,  promovendo a valorização da profissão. Isso inclui o fortalecimento da infraestrutura das escolas, aumento de salários, redução das jornadas excessivas, apoio à saúde mental, formação continuada e criação de políticas de prevenção ao assédio moral e à violência no ambiente escolar, promovendo um ambiente de trabalho digno, seguro e respeitoso.

Assista ao IV Seminário: Trabalho e Saúde dos Professores Precarização, adoecimento e caminhos para a mudança

Acesse o estudo completo aqui:

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