Rolezinho

Mulher é política

| 29 de fevereiro de 2024

Os anos trinta são marcados pela luta feminista pelo direito ao voto no Brasil, ecos de uma onda mundial, que já havia se propagado através dos movimentos sufragistas, a exemplo dos EUA. Figuras como Almerinda Farias Gama e Bertha Lutz, além de milhares de outras companheiras, estavam na linha de frente desse debate e muito insistiram para que hoje o ato de cidadania de votar e ser votada também fosse um direito às mulheres de todas as regiões do Brasil. O pensamento horizontal e sofisticado das feministas sufragistas brasileiras sugeria, já naquela época, uma capilarização da ocupação feminina nos espaços de poder, sendo a mulher protagonista de todas as etapas deste processo. Em outras palavras: era  preciso votar e ser votada, seja na gestão pública ou na representação das classes trabalhadoras.

As mulheres da década de 30 abriram esse clarão num caminho nada fácil pela emancipação feminina e conseguiram ofuscar o olho opressor do patriarcado garantindo às brasileiras o pleno direito ao voto, porém esse caminho em busca da equidade de gênero na política e nos espaços de poder ainda é uma travessia com trechos pantanosos: as mulheres representam 53% do eleitorado brasileiro, porém estão ocupando apenas 17% da Câmara de Deputados e 12% no Senado. Nas últimas eleições estaduais pelo menos 38 mulheres se candidataram ao cargo de governadora mas apenas duas foram eleitas, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Já no cenário municipal as cadeiras das prefeituras são ocupadas atualmente por apenas 12% de representantes femininas num universo com mais de 5 mil municípios. Mas a luta segue, e o número de mulheres determinadas a enfrentar as desigualdades geradas pelo machismo e misoginia continua a passos firmes.

Para assistir e debater

O documentário “O Pessoal é Político”, dirigido por Vanessa de Araújo Souza traz como principal recorte temporal os anos de 1975 à 1985, época da ditadura militar no Brasil, que narra o período da segunda onda feminista no país e a importância desse momento histórico para o empoderamento feminino no processo de luta pela equidade de gênero nos espaços de poder público, como o parlamento e nas esferas privadas, a exemplo dos ambientes domésticos e familiares. Destaca-se no filme a contribuição feminina na luta armada assim como nas organizações políticas de esquerda para o enfrentamento ao regime militar. A obra conta com a participação de Heloísa Buarque de Holanda, Adélia Borges, Carla Rodrigues, Hildete Pereira Melo, Schuma Schumaher, Fátima Setubal, Anna Marina Barbara Pinheiro, Liv Sovik, Therezinha Zerbini e Jurema Werneck. O material pode ser acessado através do Canal Curta!

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