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Fortalecendo narrativas: Oficina do Cendhec debate gênero e raça com estudantes de escola municipal em Igarassu

| 12 de setembro de 2024

Realizada para meninas do 6° ao 9° ano de escola em Três Ladeiras, zona rural de Igarassu, o encontro refletiu o poder de criticidade das jovens frente a realidade social do Brasil.

Texto: Luana Farias / Fotos: Alcione Ferreira

A oficina “Nada sobre nós sem nós”: reflexões sobre gênero, raça e juventudes foi um encontro formativo, com atividades práticas e dinâmicas, facilitado, no último dia 30, pelo Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social com estudantes do Centro de Educação Integral Evangelina Delgado de Albuquerque, Escola Municipal em Três Ladeiras, distrito de Igarassu.

Ao todo 30 meninas, entre 11 e 14 anos, participaram do encontro mediado pela assistente social Lorena Melo com o acompanhamento das jornalistas Alcione Ferreira, Luana Farias e Maria Clara Monteiro, do Cendhec. A atividade foi uma iniciativa conjunta das equipes do Programa Direito à Cidade e de Comunicação da organização social. A parceria com a instituição escolar em Três Ladeiras aconteceu por intermédio da gestora Eulália Maria, que já foi ponte para a realização de outras oficinas e rodas de conversa do Cendhec com as jovens.

Com menção ao Dia Internacional da Juventude, demarcado em 12 de agosto, a oficina evidenciou problemáticas estruturais e fundantes de violações às meninas no Brasil, e que ainda são atualizadas pelo racismo, machismo e misoginia em diferentes instâncias da sociedade. Nessa perspectiva, dentre os exercícios propostos pela equipe, realizados em conjunto com as meninas, esteve a construção da pirâmide sociorracial do Brasil e a disposição dos grupos nas camadas.

O poder de criticidade das participantes sobre as desigualdades tão presentes no país foi um ponto de destaque da oficina. Questionadas sobre o cenário brasileiro de desigualdades de gênero e de raça, uma das estudantes grifou: “O Brasil é desigual porque a discriminação nunca parou e teve início com a colonização, quando teve a escravidão”. O debate interseccional também levantou e observou as experiências no contexto cibernético, reflexo das dinâmicas sociais: “Mulheres negras são a base da base da sociedade. Normalmente, são elas que sofrem na Internet”, pontuou uma das participantes da oficina.

“Ver e perceber que no processo formativo regular meninas e meninos são mobilizadas/os a refletir criticamente sobre o processo histórico de escravidão das pessoas negras e indígenas no Brasil tornou esse encontro muito singular”.

Lorena Melo, assistente social do Cendhec.

“Respeito não tem cor, tem consciência”

Para além de identificar as lacunas existentes, com a condução de Lorena, as jovens foram motivadas a refletir caminhos para a mudança de cenário, por uma sociedade equitativa, justa e democrática. Nesse sentido, com o uso de manchetes de notícias de jornais brasileiros, as participantes identificaram na prática as marcas do racismo, com casos de violência moral, verbal e/ou física. A partir disso, dispostas em grupos, as jovens foram provocadas a reverter as histórias, propondo um final mais justo e ressignificado para as vítimas.

“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”

O questionamento, gerador de incômodo quanto a urgência por mudanças, estampou a capa do exercício realizado por um dos grupos. Com livretos, panfletos e histórias em quadrinho, construídos com colagens, desenhos e textos, as participantes desenvolveram peças como resultado do encontro.

“O encontro foi muito potente! Saímos de lá com o desejo de retornarmos em breve para a devolutiva da oficina e de estreitarmos a relação entre Recife e Três Ladeiras ainda mais potente”.

Lorena Melo

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