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Cendhec promove formação sobre Gênero e Diversidade para escolas do Recife, Camaragibe e Igarassu

| 25 de março de 2022

Texto: Lenne Ferreira | Imagens: Divulgação

Incidir politicamente no combate às desigualdades de gênero nas escolas públicas é uma das premissas do Projeto “Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para meninas”, desenvolvido pelo Centro Dom Helder Camara (Cendhec) com apoio do Fundo Malala. Para atingir esse objetivo, o projeto promove o diálogo constante com a rede de ensino e, no próximo dia 30, realiza mais uma ação com foco na formação das gestões escolares. “Gênero e Educação: Igualdade e Diversidades para uma escola acolhedora” é o tema do encontro realizado em parceria com a Secretaria de Educação de Igarassu. A formação, que é fechada para convidadas (os), tem como público alvo gestores, coordenações pedagógicas e equipes do Serviço de Orientação Educacional (SOE) de Igarassu, além das redes do Recife e Camaragibe.

A finalidade da formação é ampliar o conhecimento das (os) profissionais da Educação sobre temáticas ligadas às questões de igualdade e diversidades no ambiente escolar. A ação acontece no auditório da Secretaria de Educação de Igarassu e conta com as participações da coordenadora geral da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE), Chopelly Santos, da coordenadora geral do Centro das Mulheres do Cabo (CMC), Nivete Azevedo, e da pedagoga e integrante da Rede de Ativistas do Fundo Malala, Paula Ferreira, que também integra a equipe Cendhec. 

A temática do encontro vai problematizar o quanto a desigualdade de gênero nas escolas marca a vida das meninas a curto e longo prazo. Uma realidade que vem causando impactos nos processos de aprendizagem, uma vez que as/os estudantes são educadas (os) de modo a concordar com tais práticas, perdendo de vista o direito à equidade. “Levar o debate de gênero  para a escola é muito importante para fazer o enfrentamento às desigualdades e a violência causada pelo machismo que está arraigado na sociedade patriarcal e que se reproduz pela educação sexista que se aprende na escola desde a infância”, pontua Nivete Azevedo, que também atua como Conselheira Municipal dos Direitos da Mulher do Cabo de Santo Agostinho e integrante do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (ABONG/PE). Para  ela, poder influenciar na atuação das gestões escolares é uma forma de ajudar as equipes pedagógicas a pensarem sobre novas práticas que possibilitem a construção de “relações sociais mais igualitárias, com base no respeito à diversidade de gênero, raça e orientação sexual”. 

O preconceito também é um dos fatores que inviabiliza a permanência de jovens trans nas instituições de ensino. Para falar mais sobre esse tema, o Cendhec convidou a ativista Chopelly Santos, da Amotrans, que vai conduzir um papo com as profissionais convidadas (os). “Ainda é muito alto o índice de estudantes trans que saem das escolas sem concluir os seus estudos por conta das pressões psicológicas sofridas por parte dos colegas e por parte da gestão. Vamos falar um pouco sobre o que é a realidade dessas pessoas dentro das escolas, o que vai ajudar os gestores a encontrarem uma forma de garantir que estudantes trans possam concluir os seus estudos de uma forma digna, centrada. Essa captação tem o intuito de transformar a realidade de jovens trans que precisam da escola para garantir uma condição de vida na sociedade”, pontua.  

Pedagoga do Cendhec e ativista pela educação do Fundo Malala, Paula Ferreira vai conduzir a mediação da formação a partir de sua experiência na militância por uma Educação de qualidade e . “É muito relevante para o Cendhec e para o projeto “Na Trilha da Educação” realizar um evento reunindo gestões pedagógicas de três municípios como o Recife, Igarassu e Camaragibe. Trazer profissionais técnicos das Secretarias de Educação e também coordenadores pedagógicos, que são pessoas com papéis tão importantes para refletir e fazer o debate de gênero dentro da escola. É um momento único para ressignificar a importância de discutir a desigualdade de gênero, desconstruir um pouco de como as relações sociais são desiguais entre homens e mulheres, refletir sobre o próprio sistema patriarcal, capitalista e perverso que coloca as mulheres em situação de desigualdade”. 

Para estabelecer relações igualitárias e mais respeitosas no ambiente escolar, Paula Ferreira, da Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala, acredita que o caminho é a informação. “A gente percebe uma neutralização das desigualdades vivenciadas pelas meninas dentro das escolas. A falta de informação prejudica o acolhimento de estudantes trans”, diz. Por isso, sensibilizar gestores da Educação para a pauta da igualdade de gênero e diversidade é um meio para a desnaturalização das opressões que se dão no espaço da Educação. “Esse encontro acontece porque entendemos que provocar a escola pública para esse debate é essencial para desconstruir o ciclo de opressões vivenciadas pelas meninas”.

Parceira na realização da atividade de formação, a Secretaria de Educação de Igarassu tem demonstrado empenho em pautar o tema na rede de ensino pública. O encontro, que acontece na sede da pasta, é comandada por Andreika Asseker. Mônica Dias, diretora de ensino da Rede Municipal de Educação de Igarassu, ajudou na mobilização do encontro. “A formação será um momento de extrema relevância porque colabora com a nossa formação profissional, para que tenhamos condições para ofertar cada dia mais uma educação de qualidade para todos e todas respeitando as coletividades e as individualidades”. 

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