Texto e fotos: Mariana Moraes/Cendhec
Na última quinta-feira, dia 7 de julho, o Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social, o Fundo Malala e a Secretaria de Educação do Recife discutiram as atividades e expectativas sobre o trabalho realizado na organização social, dentro do projeto Na Trilha da Educação. Gênero e Políticas Públicas para meninas.
O Fundo Malala, através da representante no Brasil Maíra Martins e o Cendhec, representado pelas integrantes Katia Pintor, coordenadora institucional; Alcione Ferreira, coordenadora do projeto Na Trilha e Paula Ferreira, pedagoga do centro e ativista pela educação do Fundo Malala foram recebidos pelo Secretário de Educação do Recife, Fred Amâncio; a Secretária Executiva de Gestão Pedagógica, Juliana Guedes e a Secretária Executiva de Projetos, Tecnologia e Inovação, Ligia Stocche, que mostraram-se disponíveis para fortalecer as atividades executadas em escolas da capital pernambucana.
O encontro teve como principal foco discutir a importância da melhoria da educação a partir do recorte de gênero assim como a necessidade de olhar com mais atenção a aprendizagem de meninas negras e periféricas.
Sobre o projeto desenvolvido pelo Cendhec
O “Na Trilha da Educação”, projeto executado pelo Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social, compreende meninas como sujeitos políticos e de direitos e faz da escuta das suas vozes o principal elemento para influenciar políticas públicas que enfrentem as desigualdades de gênero, raça e classe social no ambiente escolar nas redes públicas municipais de ensino das cidades de: Igarassu, Recife e Camaragibe. A efetivação da iniciativa é feita por meio de uma pesquisa que pretende ouvir as estudantes na faixa etária entre 12 e 14 anos, vinculadas ao Fundamental II, assim como meninas que foram empurradas para a evasão escolar. O resultado do estudo será acessado através de uma publicação.
O projeto é apoiado pelo Fundo Malala instituição que atua em 8 países e apoia 53 organizações que desenvolvem projetos voltados à defesa da Educação de meninas. Ele foi criado e leva o nome de Malala Yousafzai, jovem ativista paquistanesa que, em 2012, enquanto voltava da escola, foi baleada na cabeça por um membro do Talibã. Ela, que na época era uma menina, virou alvo do grupo extremista por defender o direito à educação para as mulheres de seu país. Em 2014, com 17 anos, Malala recebeu o Nobel da Paz, tornando- se a pessoa mais jovem a receber o prêmio. O dinheiro da premiação foi usado para criar a organização que tem o objetivo de articular ações que garantem os estudos e o aprendizado de meninas do Afeganistão, Brasil, Etiópia, Índia, Líbano, Nigéria, Paquistão e Turquia. Pernambuco é o estado brasileiro com mais ativistas pela educação vinculados ao Fundo Malala, quatro no total. Entre eles está Paula Ferreira, pedagoga do Cendhec.
A importância dessa iniciativa do Centro está justificada nos dados coletados pelo Fundo Malala em 2018, apresentando que 1,5 milhão de meninas estavam fora da escola no Brasil. Entre os motivos apontados para a evasão verificados no estudo estavam: racismo, pobreza e exploração sexual. Ainda segundo dados do Disk 100 em 2019 Entre 17 mil casos de violência sexual, 46% foram contra meninas entre 12 e 17 anos. Além disso, a partir de pesquisa realizada pelo Unicef e Plan Brasil no mesmo ano, o Brasil ocupa a 4° posição entre os 20 países no mundo com números absolutos de casamentos infantis. Em relação a trabalho doméstico o IPEA constatou que do total de 6 milhões de trabalhadoras (es) domésticas (os), 92% são do gênero feminino e desse universo 63% são negras. O Fundo Malala também traz outro alerta: A falta de oportunidades educacionais às meninas custa aos países entre 15 e 30 trilhões de dólares em produtividade.