Rolezinho

Jota Mombaça escreve para as que vivem e vibram apesar do Brasil

| 28 de junho de 2024
Foto: Jota Mombaça via Instagram

“Não vão nos matar agora, apesar de que já́ nos matam. Não preciso retornar aos cenários. Os nomes não saem de nossas cabeças, apesar de concorrerem aos campos de esquecimento que formam a memória brasileira. Mas já não escrevo para despertar a empatia de quem nos mata. Esta carta, eu dedico àquelas que vibram e vivem apesar de; na contradição entre a imposição de morte social e as nossas vidas irredutíveis a ela.”

São declarações como esta que permeia e fortalece a escrita de Jota Mombaça, em “Não vão nos matar agora”. O livro foi publicado em Portugal em 2019 pela Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), em Lisboa, e no Brasil em 2021, pela Editora Cobogó, inaugurando a coleção Encruzilhada.

“Como desfazer o que me tornam?”. Na obra a autora denuncia e descontrói a estrutura colonial do Brasil, ao passo que traça novas rotas de existência para corpos que são alvos históricos das imposições de gênero no país. “Não vão nos matar agora” é contra colonial, resistente e propositivo. Jota Mombaça encontra e aponta na arte um caminho de possibilidades de resistência, libertação e fortalecimento de corpos LGBTQIA+ e negros. É através da criação e experimentação, com a poesia teoria crítica e performance, que Jota denuncia o conservadorismo e demarca seu corpo político na arte.

“Não vim aqui para cantar a esperança. (…) À revelia do mundo, eu as convoco a viver apesar de tudo. Na radicalidade do impossível. Aqui, onde todas as portas estão fechadas, e por isso mesmo somos levadas a conhecer o mapa das brechas.

Jota Mombaça é uma artista interdisciplinar cujo trabalho se desdobra em uma variedade de mídias, dentre elas a escrita e a performance. Potiguar, a artista atualmente vive e trabalha em trânsito, entre Lisboa e Amsterdã, e já apresentou trabalhos em diferentes contextos institucionais, como as bienais de São Paulo, Berlim e Sydney. A artista define que “A matéria sonora e visual das palavras desempenha um papel importante em sua prática, que frequentemente se relaciona à crítica anticolonial, à desobediência de gênero, à migração e à crise climática”.

Conheça e acompanhe o trabalho de Jota Mombaça:

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